20 dezembro, 2010
10 dezembro, 2010
08 dezembro, 2010
Mãe Benilde P.
Em Março de 1975, grávida de 4 meses, regressei a Portugal com o V.
Lisboa, cidade onde não tinha familiares nem amigos, era uma cidade fria, cinzenta, com gente triste, antiquada, apressada e de poucas palavras, que chamava “retornados” aos regressados.
A cidade de onde eu vinha era solarenga, luminosa, alegre, com gente trabalhadora, amiga, companheira e muito alegre. Deixei lá os meus pais, a minha irmã e todos os meus amigos.
Às duas da madrugada, do primeiro dia da primavera, desci as escadas do avião, gelada pelo frio intenso (o casaco que vestia era fresco de mais para aquela noite gelada) e expectante sobre o que e quem iria encontrar quando pisasse o solo do país onde tinha nascido mas onde não tinha crescido.
No aeroporto aguardavam-me os meus sogros e os meus cunhados. Nunca os havia visto antes.
Logo ali me perdi no olhar meigo e na doçura do sorriso daquela sogra pequenina e muito mais velha do que a minha mãe.
Logo ali senti que iria ser feliz junto deles.
Fui viver para casa dos meus sogros, gente humilde, trabalhadora, honesta e muito, muito amiga dos filhos, noras e netos.
Viviam em grande harmonia, numa casa pequenina mas confortável onde os aromas da cozinha se misturavam com o elixir do amor, do carinho e da partilha com os outros.
De início chorei lágrimas sem fim e escrevi cartas gigantescas, mas rapidamente me senti na minha própria casa.
A preocupação deles era verdadeira e o carinho não tinha fim.
Eu era para eles a filha que não tiveram (tinham dois filhos) ou mesma a neta (tinham dois netos e eu carregava em mim mais um). Anos mais tarde dei-lhes o que eles tanto desejavam: uma neta.
O meu sogro, homem de fortes convicções políticas, de quem um dia falarei, era contido na manifestação de sentimentos. Um passado de muitas dificuldades tornou-lhe o rosto duro, as mãos calejadas, o corpo cansado. Mas tinha um coração de ouro.
Já a minha sogra….
Ela era uma mulher pequenina, que amava os seus com uma força de gigante, doce como o mel, uma fada do lar. Fazia um arroz doce inigualável. E quando descobriu que era a minha sobremesa preferida, repetia, repetia, repetia. E eu comia, comia, comia. Engordei 16 quilos nos quatro meses que vivi com ela.
Mimava-me tanto, mas tanto, que dei por mim a fazer comparações com o mimo que a minha mãe me dera e era, de longe, a minha sogra que ganhava.
Anos mais tarde um divórcio afastou-me dela. Estupidamente fui eu que me afastei e nunca ela. Foi com muita tristeza que soube da sua morte. Arrependida por não ter estado mais vezes com ela, acompanhei-a à sua última morada.
Tinha a certeza de ter perdido uma pessoa que me amou como só se ama um filho. Uma pessoa que deixou marcas profundas na minha memória.
Lisboa, cidade onde não tinha familiares nem amigos, era uma cidade fria, cinzenta, com gente triste, antiquada, apressada e de poucas palavras, que chamava “retornados” aos regressados.
A cidade de onde eu vinha era solarenga, luminosa, alegre, com gente trabalhadora, amiga, companheira e muito alegre. Deixei lá os meus pais, a minha irmã e todos os meus amigos.
Às duas da madrugada, do primeiro dia da primavera, desci as escadas do avião, gelada pelo frio intenso (o casaco que vestia era fresco de mais para aquela noite gelada) e expectante sobre o que e quem iria encontrar quando pisasse o solo do país onde tinha nascido mas onde não tinha crescido.
No aeroporto aguardavam-me os meus sogros e os meus cunhados. Nunca os havia visto antes.
Logo ali me perdi no olhar meigo e na doçura do sorriso daquela sogra pequenina e muito mais velha do que a minha mãe.
Logo ali senti que iria ser feliz junto deles.
Fui viver para casa dos meus sogros, gente humilde, trabalhadora, honesta e muito, muito amiga dos filhos, noras e netos.
Viviam em grande harmonia, numa casa pequenina mas confortável onde os aromas da cozinha se misturavam com o elixir do amor, do carinho e da partilha com os outros.
De início chorei lágrimas sem fim e escrevi cartas gigantescas, mas rapidamente me senti na minha própria casa.
A preocupação deles era verdadeira e o carinho não tinha fim.
Eu era para eles a filha que não tiveram (tinham dois filhos) ou mesma a neta (tinham dois netos e eu carregava em mim mais um). Anos mais tarde dei-lhes o que eles tanto desejavam: uma neta.
O meu sogro, homem de fortes convicções políticas, de quem um dia falarei, era contido na manifestação de sentimentos. Um passado de muitas dificuldades tornou-lhe o rosto duro, as mãos calejadas, o corpo cansado. Mas tinha um coração de ouro.
Já a minha sogra….
Ela era uma mulher pequenina, que amava os seus com uma força de gigante, doce como o mel, uma fada do lar. Fazia um arroz doce inigualável. E quando descobriu que era a minha sobremesa preferida, repetia, repetia, repetia. E eu comia, comia, comia. Engordei 16 quilos nos quatro meses que vivi com ela.
Mimava-me tanto, mas tanto, que dei por mim a fazer comparações com o mimo que a minha mãe me dera e era, de longe, a minha sogra que ganhava.
Anos mais tarde um divórcio afastou-me dela. Estupidamente fui eu que me afastei e nunca ela. Foi com muita tristeza que soube da sua morte. Arrependida por não ter estado mais vezes com ela, acompanhei-a à sua última morada.
Tinha a certeza de ter perdido uma pessoa que me amou como só se ama um filho. Uma pessoa que deixou marcas profundas na minha memória.
Hoje era o dia do seu aniversário.
Anos mais tarde encontrei uma outra sogra, de quem falarei noutra altura, que também me aceitou e mimou.
Que grandes mulheres.
P.S. Tive duas sogras maravilhosas. Penso que também fui para elas uma boa nora.
Anos mais tarde encontrei uma outra sogra, de quem falarei noutra altura, que também me aceitou e mimou.
Que grandes mulheres.
P.S. Tive duas sogras maravilhosas. Penso que também fui para elas uma boa nora.
04 dezembro, 2010
Avisto coisas lindas da minha janela...
02 dezembro, 2010
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